Amor aos números e à vida

Década de 70, hora de almoço. Ao invés de sobremesa, que tal uma aula de matemática? Foi a opção que fizeram muitos colegas do SERPRO, como diversos contínuos em busca do diploma de 1º grau. A atividade, ministrada voluntariamente pela já então também professora universitária Lúcia Tavares Farah, continua fazendo parte do seu dia a dia. Aposentada só pelo SERPRO,  ela conta um pouco de sua vida cheia de energia, trabalho e prazer.

Então quer dizer que, se aposentar mesmo, a senhora nunca se aposentou?
Lúcia:
Não. No SERPRO, fiz parte do grupo que ajudou a fazer a informatização dos Correios, da Embratur, Dívida Ativa da União, Detran e outros. Isso era lá pelos anos 70. Trabalhei com Coimbra, dava aulas de matemática na hora do almoço, na época em que a Marlene Majella cuidava dessa parte de ensino. Paralelamente eu lecionava à noite. Aí tive uma enfermidade e me aposentei do SERPRO, mas continuei dando aulas e estudando. Nunca parei.

A senhora sempre lecionou matemática?
Lúcia:
Isso. Estudei no Instituto Militar de Engenharia (IME), fiz mestrado na França, minha vida sempre foi muito ligada ao estudo e ao trabalho. Ano que vem terei que sair da UERJ, onde dou aulas de cálculo, por conta da aposentadoria compulsória no estado, mas já tenho convites para lecionar em universidades particulares, então vou continuar na ativa.

A senhora não cansa?
Lúcia:
(Risos). Eu penso que tenho 20 anos. Vou para academia todo dia, faço ginástica, hidroginástica, pratico montanhismo com meu marido, ando de salto alto, faço qualquer atividade. Meus alunos dizem para eu não dizer a idade não, que eu não pareço.

E com uma rotina tão atribulada, dá tempo de se divertir?
Lúcia:
Claro, adoro viajar, viajo muito também, pelo Brasil e pelo exterior, gosto de qualquer lugar. Eu fiz parte do grupo que desenvolveu o euro, morei em Paris, tenho muitos amigos pela Europa. Aqui prefiro praia, moro na Atlântica e tenho uma casa no Recreio, onde vou aos fins de semana. Caminho e mergulho e faço muita festa lá.

Tem receita para tanta disposição?
Lúcia:
Tem gente que se acomoda, mas a idade não é empecilho para nada. O segredo é fazer tudo, não desistir de nada.