Mais 126 planos estão deficitários. Aumento eleva para 262 o número de fundos de pensão no vermelho

Fatores conjunturais têm trazido impacto negativo aos resultados dos planos de previdência privada. De acordo com a Abrap,  os fundos de pensão tiveram uma rentabilidade média negativa de 1,26% no ano passado, muito por conta da mudança na política de juros. Para tentar driblar essa situação, o setor discute com o governo a flexibilização das regras de equacionamento de déficit dos fundos de pensão.

A difícil conjuntura do mercado financeiro no ano passado levou diversos fundos de pensão a registrar déficit em seus planos de benefícios. Levantamento da Abrapp, associação que reúne as entidades do setor, em conjunto com a Gama Consultores Associados, mostra que o número de planos no vermelho subiu para 262 em setembro de 2013, em comparação a 136 no fechamento de 2012. Ou seja, 126 planos que estavam equilibrados há um ano têm, hoje, um ativo menor do que o seu passivo.

"122 entidades possuíam ao menos um plano em déficit em setembro de 2013", disse Antônio Gazzoni, presidente da Gama Associados, em evento em São Paulo. O número de planos com superávit também caiu, de 385 em 2012 para 287 em setembro do ano passado.

A Abrapp estima que os fundos de pensão tiveram uma rentabilidade média negativa de 1,26% no ano passado, ante uma meta de rentabilidade de 11,57% para o período, equivalente a INPC mais 5,75% no ano. Gazzoni chama a atenção para o fato de que a maior parte dos títulos públicos na carteira dos fundos de pensão tem "duration" superior a 10 anos e, por isso, sofrem mais com a alta volatilidade que tem sido observada nos mercados desde meados do ano passado.

"Esses fatores conjunturais têm trazido impactos significativos aos resultados dos planos", disse Gazzoni.

Com esse desempenho, a solvência do setor caiu de uma média de 105% em 2012 para 98% no ano passado. Ou seja, agora o sistema tem patrimônio para cobrir 98% de suas obrigações. Gazzoni comparou o Brasil com outros países. Segundo ele, a Holanda mostra nível de solvência de 110%, Estados Unidos de 95% e Reino Unido de 87%.

"Os EUA recuperaram 21 pontos de solvência desde 2007, na crise, o que mostra que a recuperação do sistema é possível por se tratar de uma questão conjuntural", afirmou Gazzoni.

Para tentar driblar essa situação sem desenquadramento, o setor discute com o governo a flexibilização das regras de equacionamento de déficit dos fundos de pensão.